Testemunhos de uma antiguidade muito distante encontram-se um pouco por todo o lado, quando percorremos o concelho de Caminha. As civilizações que por aqui habitaram deixaram vestígios que atestam a existência de povoação nas épocas proto e pré-históricas. Esses testemunhos são, entre outros, as mamoas, o dólmen da Barrosa e os castros.
Julga-se que os rios Minho e Coura, assim como o mar, terão tido influência no povoamento. No entanto, Lourenço Alves, autor da Monografia de Caminha (1985), defende que o primeiro núcleo de população terá sido no Coto da Pena. O castro, semelhante ao existente do lado espanhol, no Monte de Santa Tecla, indica-nos esse caminho.
De resto, toda a região do Noroeste da Península, e muito especialmente a bacia do Minho, ostenta várias edificações do período Megalítico. Mas a cultura dominante, e que mais vestígios deixou nesta zona, foi, sem dúvida, a Castreja. As casas, quase todas do tipo redondo ou ovalado, denunciam marcas da cultura pré-céltica.
A organização castreja prevaleceu durante séculos e só se começa a falar da povoação de Caminha no século IX.
Entretanto, convém assinalar também que o perímetro e a configuração oval da antiga muralha obedecem às características de construção das fortalezas romanas dos sécs. IV e V. Mas do período da romanização ficaram ainda pontes, caminhos e outros monumentos.
Em 1060 I. Magno de Leão designa Caminha como sede de um condado que denominou “Caput Mini” e cerca de meio século depois, Edereci localiza “um forte castelo em ilha a montante da foz do Minho” e outro “acima do precedente em terra firme e eminente”. Isto mesmo se crê conformado nas Inquisitiones: “na colação de Sta. Maria de Caminha, em Vilarélio, se situa o velho castelo de Caminha” subordinado durante séculos à Sé de Tui.
Pela situação geográfica, Caminha era um ponto avançado na estratégia militar portuguesa na luta contra castelhanos e leoneses. D. Dinis mandou aumentar as muralhas e construir mais duas torres, elevando para treze o seu número (dez torres e três portas - a do Sol, a Nova e do Marques).
A 24 de julho de 1284, outorgou aos habitantes do concelho a primeira Carta Foral. A vila conservou-se sempre na posse da Coroa até que, em 1 de junho de 1371, D. Fernando criou o Condado de Caminha, fazendo seu primeiro conde D. Álvaro Pires de Castro. D. João I doou-a, em 1390, a Fernão Martins Coutinho, concedendo-lhe também o privilégio de “povo franco”. Esta medida desenvolveu extraordinariamente a vida marítima e o comércio locais, permitindo também o início da construção da majestosa Igreja Matriz, em 1428. A vila é nessa altura terra prometedora. Do seu porto partem barcos para diversas partes da Europa.
Com o passar dos anos, Caminha seguiu outros rumos, modernizou-se e consolidou uma população que hoje ultrapassa os 16.500 residentes.
- Caminha, In Dicionário Enciclopédico das Freguesias, Vol.I
- Caminha, Enciclopédia Luso-Brasileira